Era uma vez um Espírito perfeito, sublime, único, infinito. Sendo perfeito, nada havia a acrescentar em sua perfeição, visto que se houvesse, perfeito ele não seria. Perfeito também era o ambiente em que ele vivia, uma vez que esse ambiente fazia parte dele mesmo, era sua concepção mental. Devido a esta perfeição, seu ambiente era sereno, calmo, imutável.
Nessa infinitude imutável e perfeita, uma espécie de inquietação começou a surgir no Espírito, um sentimento único que ele nunca sentira antes, uma vontade de compartilhar sua bem-aventurança... este sentimento era uma novidade para o Espírito, pois o fez perceber que não se pode compartilhar quando se é único, infinito e auto-suficiente. Daí uma espécie de solidão surgiu em seu coração e sua inquietação aumentou.
Com a inquietação, o ambiente do espírito perturbou-se e passou a haver movimento. Este movimento surpreendeu o Espírito que nunca concebera tal fenômeno em seu ambiente perfeito. O movimento era de uma beleza impar ao Espírito e quanto mais o admirava, este aumentava de intensidade e magnitude até que todo o ambiente tornou-se um imenso vórtice de luz e som cheio de beleza e harmonia.
Ponderando sobre o que acontecera, o Espírito percebeu que sua inquietação poderia resultar em algo bom, novo e grandioso! Decidiu, então, investir no fenômeno e concebeu a ideia de criar! Ao conceber esta ideia, uma explosão surgiu do centro do vórtice de seu ambiente mental e um novo ambiente surgiu, sublime, revolucionário e instigante, pois para o Espírito este ambiente, apesar de ser sua criação, era algo desconhecido e novo para ele. Mas devido a infinitude do Espírito, a simples contemplação de sua criação foi suficiente para sua total compreensão e toda aquela dança de luzes e sons deixou de ser novidade e o Espírito perturbou-se novamente.
Então o sentimento de solidão cresceu no Espírito e ele desejou ter companhia. Assim, o Espírito experimentou dividir-se e uma espécie de mitose aconteceu! E outro Espírito, de mesma natureza e perfeição surgiu. O Espírito agora se regozijava com sua contraparte e um relacionamento de perfeito amor surgia pela primeira vez.
Em sua infinita sabedoria os Espíritos debatiam o que acontecera com a perfeição e ponderavam os resultados da criação do primeiro espírito. Juntos eles decidiram que deveriam continuar investindo neste "projeto" e evoluir sua ideia. O segundo espírito incrementou a criação do primeiro espírito e novos elementos surgiram no ambiente recém-criado. Depois de ponderar o resultado perceberam que suas mentes infinitas e perfeitas não poderiam continuar evoluindo o projeto indefinidamente pois a perfeição não pode acrescentar mais nada ao que já é perfeito, e temeram retornar ao estado inicial onde a solidão imperava. Daí eles decidiram criar outros espíritos que acrescentassem algo novo a sua criação, assim o projeto poderia ter continuidade. Desse modo, escolheram combinarem-se e gerar um novo espírito com aspectos de um e de outro, mas que,. entretanto, não teria sua completude, pois estes queriam, através deste novo espírito, experimentar o novo ambiente sem os parâmetros da perfeição e da infinitude. Daí surgiu um novo espírito, lindo, sublime. Entretanto, finito e imperfeito.
A imperfeição do terceiro espírito foi algo estimulante para o primeiro casal, pois trouxe consigo a dúvida, a pergunta e a incompreensão. O casal tinha que explicar a criação e o propósito do terceiro espírito nisso tudo. Apesar de imperfeito, o terceiro espírito era igualmente poderoso, sábio e criativo. Acrescentando novos elementos a criação do primeiro espírito.
Depois de um tempo, a solidão também atingiu o terceiro espírito, pois este era fruto dos dois primeiros espíritos e tinha a mesma natureza e essência. Como este não partilhava da onisciência dos seus criadores, não sabia o que acontecera antes e não tinha consciência que este tinha sido o sentimento que estimulara o primeiro espírito a criar. Seus criadores, sabedores do que significa a solidão, repetiram o processo e criaram um novo espírito semelhante ao terceiro e este foi sua consorte. Este novo espírito manifestou também sua inteligência e criatividade particular e acrescentou mais elementos a criação, assim, os dois espíritos originais concluíram que a concepção de novos espíritos era bom para criação, pois a incrementava e evoluía o projeto, conforme sua intenção inicial.
Assim um processo foi criado e cada dupla de espíritos poderia criar espíritos combinando aspectos do casal e gerando espíritos semelhantes. Assim, uma miríade de novos espíritos surgiu no cosmos e a criação prosperou e evoluiu conforme a criatividade de cada um.
Depois de já haver um verdadeiro universo heterogêneo e belo, o primeiro espírito, agora chamado pela sua família de Criador Primordial, resolveu ampliar o conceito de criação e idealizou um universo mais complexo e menos maleável do que o ambiente criado a partir de sua própria substância mental perfeita. Assim, o Criador Primordial decidiu condensar seu pensamento de maneira tal que criaria um novo aspecto de realidade totalmente diferente do ambiente familiar a que todos podiam criar a vontade e sem qualquer dificuldade. Esta energia condensou-se em um ponto de luz fora da mente do Criador e do universo primordial. Todos os espíritos se admiraram de ver a novidade que surgira à parte deles. E também se assombraram em ver que este ponto luminoso não respondia ao seu ímpeto criador, pois o ponto era o pensamento do criador materializado e só ele tinha poder sobre este novo elemento.
Ao ver o resultado de seu esforço o Criador ficou feliz e compartilhou com sua família o conhecimento do que viria a ser aquele ponto luminoso. E assim, depois de exposto o plano o Criador tocou o ponto e uma enorme explosão se deu. Então um espaço cheio de caos se abriu como um balão e começou a crescer e expandir-se. Os outros espíritos perguntaram ao Criador como poderiam contribuir com aquele universo magnífico que crescia à parte deles. Então o Criador explicou que a única maneira de eles contribuírem com seu novo projeto seria imergindo neste universo e criando a partir de si mesmos. Assim, alguns espíritos pioneiros se arriscaram a aventurar-se no desconhecido e quando imergiram no novo universo se tornaram imensas esferas de luz. Ao tornarem-se essas esferas cheias de matéria vindas do pensamento do Criador, então eles puderam experimentar a mente do primeiro espírito e compreenderam seu intento em toda sua plenitude. Ao compreenderem, estes espíritos agora tornados em matéria condensada explodiram em vórtices de matéria e rodopiavam numa dança de luz e som.
Vendo a beleza que se tornaram os espíritos pioneiros, os outros filhos do Criador mergulharam no universo em formação e a medida que entravam, eram atraídos para os vórtices formados pelos espíritos pioneiros e ao adentrar nos vórtices, estes se tornaram em esferas luminosas feitas da matéria expelida pelos vórtices. Como resultado disso os espíritos pioneiros tornaram-se as galáxias e os que vieram depois tornaram-se estrelas.
Depois deste frenesi inicial o caos foi dando lugar a uma dança harmônica e cheia de pontos luminosos. Com a essência de si mesmos os espíritos estelares continuaram a manipular a matéria de seus próprios corpos estelares e criaram esferas não-luminosas que eram preenchidas com espíritos vindos do universo primordial, estes por sua vez manipulavam sua própria matéria e tornavam-se esferas planetárias, cada uma com as particularidades de seu espírito criador.
Assim, mais e mais espíritos quiseram fazer parte deste ambicioso projeto e mergulhavam no agora imenso pensamento condensado do Criador Primordial. Estes espíritos entravam e criavam coisas novas nas esferas planetárias. Então, Saturado de consciência criadora, alguns espíritos quiseram não mais criar e sim experimentar o belo mundo que o pensamento do Criador havia se tornado. Então, estes espíritos fragmentaram-se a si mesmos e espalharam estes fragmentos em suas esferas. Estes fragmentos conscientes passaram a ser os seres vivos habitantes dos planetas. Estes seres, como eram partes de um espírito criador, passaram a evoluir e crescer consciencialmente até tornarem-se conscientes de si mesmos e do universo criado. Surgiam aí os primeiros fragmentos conscientes do universo.
O que foi dito inicialmente e planejado pelo Criador Primordial se concretizara finalmente. E o que os espíritos não sabiam e agora percebiam era que o próprio Criador experimentava sua criação através deles e de seus fragmentos. Assim, nunca mais haveria monotonia na infinitude e nem solidão na perfeição. E o Criador Primordial pode enfim compartilhar sua bem-aventurança com sua bela criação.
Um abraço.
...compartilhar sua bem-aventurança com sua bela criação. E em algum momento a coisa desandou até chegarmos ao que estamos hoje. Vai ter parte II desse belíssimo texto :] ?
ResponderExcluirFa
Não estava pensando em fazer uma parte II, mas talvez seja necessário para que fique claro o porquê de estarmos nessa situação deplorável enquanto civilização...
ResponderExcluirNo mais, agradeço sua visita e comentário.
Abração, Fa.
Oi, Cláudio, tudo bem?
ResponderExcluirgostei da 'epopéia' da Criação que criativamente vc nos trás, faz-nos compreender a unicidade de tudo que há, sempre foi e sempre será - se é que podemos falar de início, meio e fim. Um paradoxo e tanto rsrsrs.
Mas intelectualmente a compreensão é realmente complicada, pois a temporalidade, a linearidade, a espacialidade, etc, dificulta muito o entendimento do sentido de tudo isso. É estranho pensar que algo Perfeito por si só mude ou tenha intenção de mudar esse estado; até mesmo o desejo de experimentar já diz de um furo no que seria Perfeito. De qualquer forma estou devaneiando (a mente tem disso), e sei que o caminho da sabedoria profunda é de natureza diversa do conhecimento intelectual.
Valeu demais pelo texto! ah, e gostei da idéia da Parte II também.
Abraços!
Linne
É verdade, Linne, o entendimento humano é muito limitado para entender o que só a eternidade pode contemplar. Mas o texto tem mesmo esse papel, levar-nos a refletir na unicidade de tudo e que somos todos parte de um único espírito que nos convém chamar de Deus.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Não somos órfãos,produtos do acaso,muito pelo contrário fazemos parte de um complexo macro e microcosmico de uma sabedoria e inteligência infinita que ainda não conseguimos compreender.
ResponderExcluirQue fantástica "viagem" e maravilhoso resumo! É a essência de como tem sido a Criação e o Universo. Estamos inseridos nestas dimensões e somos centelhas, fragmentos do próprio Criador experienciando-se a si próprio. Um tempo atrás uma pessoa tentou me explicar mas estavam com lacunas assim como uma outra ilustração atômica versava o mesmo "conceito" mas o seu texto em específico está estupendo!! Amor, alegrias, paz e Luz!
Obrigado pelo comentário, Anônimo.
ResponderExcluirVocê captou esplendidamente a essência do texto.
Um grande abraço.
Sim, o seu texto veio me esclarecer mais ainda o que eu suspeitava e o que captava nas entrelinhas de tantos que trilharam o caminho da Luz e apreenderam o grande significado mas eram muito prolixos e eis que encontrei uma preciosidade, me admirei quando li, varias fichas suspensas cairam e alguns sinos repicaram, rsrsrs. Ah!, quando se aprecia essa essencia magnifica ... aliás faltam palavras para descrevê-la, melhor se deixar transportar pela inteligência da Luz e vivenciá-la em sua plenitude.
ResponderExcluirTomo a liberdade de passar para o japns e encaminhar para algumas pessoas que vão apreciar sintonizar essa frequencia de vibração que vc impregnou ao longo desta mensagem. Agradeço desde sempre. Parabéns! Abçs de Luz!
Nossa Claudia adorei...Numa outra comunidade tenho discutido muito sobre isso...ninguém me entende...agora cheguei ate essa postagem...muito sincrono! adorei!obrigada
ResponderExcluirEu que agradeço sua visita, Ana. Só lembre que é Claudio, viu?
ResponderExcluirUm abraço.
Excelente! Bateu com o que penso sobre a Criação. Tenho um livro em andamento, A Teoria das Conexões, que falo como o Espírito Primordial (O Todo) se experiencia por meio de seus fragmentos. Depois encontrei o que Jakob Lorber escreveu na Grande Revelação, que trata bem do mesmo assunto. Vale a pena ler.
ResponderExcluirhttp://www.eugeniochristi.blogspot.com/
Olá, Eugênio. Seja bem-vindo! Não conheço o trabalho de Jakob, o que escrevi aqui veio de dentro.
ResponderExcluirA verdade é assim mesmo, quando nós nos encontramos com ela, algo toca nossa alma. Algumas vezes não queremos crer nela por ir contra nossas crenças e programações mentais. Mas quando estamos livres das amarras do sistema; ver, ler, ouvir a verdade nos remete a este sentimento de sintonia que percebi em você. Que bom que você está escrevendo sobre isso, espero ter a oportunidade de ler este trabalho.
Um abraço, irei visitar seu blog.
A verdade é muito democrática. Cada um tem a sua e a transforma em paradigma, pelo menos até que outra verdade surja.
ResponderExcluirToda as verdades sobre o criador são caracterizadas por perfeição, amor,bondade, eternidade e dezenas de superlativos do bem.
A minha verdade não contempla a perfeição.
Deus para mim é uma força alienígena que não sabe explicar suas origens, mas que por algum motivo CRIA.Talvez indefinidamente.
Justifico minhas impressões, fazendo de conta que a raça humana não existe. Sim, porque muitos tem a tendência de dizer que a destruição existe por culpa do homem. Nesse cenário imaginário, em que o homem nunca existiu, vejo um planeta Terra com animais e outras formas de vida. Uma verdadeira chacina regrada com a dor do dilacerar de corpos.
Imagino o criador sentado ao lado explicando para uma zebra que o seu filhote teve que ser estraçalhado por um leão pois este estava faminto e mais adiante explica para um golfinho que sua família foi lançada em terra por uma tsunami como consequência "natural" de intempéries.
Entrei em acordo com o criador depois de passar a tê-lo como um ser que experimenta em busca de coisas boas. Talvez eu possa ajudá-lo.
Uma opinião bem original, Jorge. Espero que você possa realizar sua vontade a ajudar o criador como está dizendo.
ResponderExcluirA verdade nunca é definitiva, o que existe é a eterna busca de conhecimento.
Um grande abraço.
Incrivel, como pode alguem escrever(conceber ) tanta bobagem?. Vai procurar o que fazer, Claudio.
ResponderExcluirJ. Alves, ninguém é obrigado a "perder tempo" com o que escrevo. Se achas bobagem, tchau.
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